quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Morra

Eu já atendi o telefone com a voz embargada, não vou mentir. Não sei ao certo até que ponto isso, esse choro de agora, daqueles que a nossa cara fica quente e que as lágrimas escorrem doídas, realmente doídas, enquanto as acompanho passando pela minha bochecha até chegar o gosto salgado na minha boca, tem a ver com você, ou se é com tudo. Vim dirigindo meio triste, mas quando atendi o telefone foi quando percebi o quanto estava triste. Não sei se é a tua voz que representa pra mim tudo que eu tô deixando, ou se é apenas a tua voz mesmo que me fez sentir assim. Não sei se foi a forma informal de me atender, ou se foi o seu descaso que me deixaram sem palavras. Não sei se são as palavras não ditas, se é o medo, se é tudo o que eu guardo, e tenho guardado a um tempo que me deixam decepcionada. Não sei nem se é comigo ou com você a decepção. Só sei que as pessoas lidam com os sentimentos de formas diferentes, alguns jogam o telefone na parede, outros gritam, ou mandam a pessoa pra longe, eu me limito a chorar. Mas que fique bem claro, é de raiva. De mim por ter me dado ao trabalho de expor meus sentimentos a alguém que não dá a mínima, pela minha burrice de achar que você daria a mínima, pela ingenuidade de achar que alguém da mínima para alguém. E de você por além de se fazer de idiota, tentar me fazer também.