quarta-feira, 27 de abril de 2011

Pode ir

Ela foi assistindo e deixando todos eles irem, um por um, e contemplava aqueles olhares de adeus. Ligações não atendidas, datas esquecidas, prioridades mudadas, e quando você se assusta, PUFF, they are gonne. Alguns começaram a deixar o barco quando o mesmo resolveu atravessar o oceano, e ficou ancorado por seis longos meses em uma ilha. Esses ela não perdoa, nem esperaram o barco voltar para dizer adeus. Outros, esperaram o barco voltar, mas esse barco, voltou cheio de furos, falhas e desviou o caminho no meio da viagem. Os que o esperavam ansiosamente durante aqueles seis meses, continuaram esperando. Um deles, desistiu, quando soube que o barco não chegaria a tempo, ele resolveu pular, pulou no mar com um único adeus e jamais voltou. Os que o esperavam continuavam esperando a chegada desse barco. Quando ele chegou, ele já era mais uma canoa de tão destruído que estava, e não cabia muitas pessoas dentro dele, afinal de contas, antes era um navio, agora era só uma canoa, canoas são desconfortáveis, pesavam as pessoas ao se justificarem. Alguns até sentiam saudades da época que aquela canoa era um navio, afinal de contas, navio é pra curtir, no navio não tem tempo ruim, o mar pode estar em fúria que ninguém sente balançar. Já no barco balança um pouco, alguns caem na água, a canoa então, qualquer vento mais forte faz ela virar. E essa canoa da história, virou mais do pudéssemos contar. Sobrando apenas uma pessoa nela. Uma pessoa convicta de que aquela canoa valia a pena segurar. Afinal de contas, ela estava indo para algum lugar, e a sobrevivente não queria largar a ela e a canoa precisava daquela pessoa ali. Apesar das inúmeras tempestades, tempos horríveis, nunca vistos como esses antes, ela persistiu naquela canoa, remava, tapava os buracos, tentava buscar ajuda, mas ninguém ouvia. A canoa também estava com medo de perder sua única sobrevivente, e tentava segurar ela lá de todas as formas possíveis, as vezes, deixava ela nadar para longe, mas logo ia busca-la, pois ela tinha medo de ficar sozinha naquele mar enorme. Até que um dia, a sobrevivente cansou de remar e a canoa, bom a canoa não podia fazer nada pois para ela andar ela precisa de alguém remando. Foi quando ela viu, ela viu no olhar de sua única companheira, aquele olhar que ela havia visto tantas e tantas vezes antes, lhe dizendo sem palavras que era hora, que a canoa precisava se deixar levar para maré, e que ela, sua fiel companheira iria pegar o próximo navio que passasse, pois ela precisava descansar, e a canoa já não podia lhe oferecer descanso. 

Um comentário:

S disse...

Esse template é sensacional! Nao muda nunca. Vou estar na margem te esperando pros devidos reparos.